Vida
Vygotsky nasceu em 1896 em Orsha, pequena cidade perto de Minsk, a capital da Bielo-Rússia, região então dominada pela Rússia (e que só se tornou independente em 1991, com a desintegração da União Soviética, adotando o nome de Belarus). Seus pais eram de uma família judaica culta e com boas condições econômicas, o que permitiu a Vygotsky uma formação sólida desde criança. Ele teve um tutor particular até entrar no curso secundário e se dedicou desde cedo a muitas leituras. Aos 18 anos, matriculou-se no curso de medicina em Moscou, mas acabou cursando a faculdade de direito.Formado, voltou a Gomel, na Bielo-Rússia, em 1917, ano da revolução bolchevique, que ele apoiou. Lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório de psicologia – área em que rapidamente ganhou destaque, graças a sua cultura enciclopédica, seu pensamento inovador e sua intensa atividade, tendo produzido mais de 200 trabalhos científicos.Tinha contato com crianças portadoras de deficiências congênitas. Isso estimulou seu estudo da compreensão dos processos mentais humanos, assunto principal de seu projeto de pesquisa.Dentre as idéias de Vygotsky, está o pensamento de que as características típicas do ser humano não nascem com o indivíduo, mas resultam da interação dialética do homem e seu meio sócio-cultural. Ao mesmo tempo que o ser humano transforma o seu meio, ele transforma-se a si mesmo. Para o teórico, a cultura é parte constitutiva da natureza humana. Ele considera que a mediação dos seres humanos entre si e deles com o mundo é feita através de instrumentos técnicos e os sistemas de signos, a linguagem.Vygotsky atuou intensamente na área da Educação, contribuindo com estudos sobre o aprendizado e o desenvolvimento.Em 1925, já sofrendo da tuberculose que o mataria em 1934, publicou A Psicologia da Arte, um estudo sobre Hamlet, de William Shakespeare, cuja origem é sua tese de mestrado.
Sobre sua Teoria
Para Vygotsky, a vivência em sociedade
é essencial para a formação do homem de ser biológico em ser humano. Ë pela
APRENDIZAGEM nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que
permite nosso desenvolvimento mental. Segundo o psicólogo, a criança nasce
dotada apenas de FUNÇÕES PSICOLÓGICAS ELEMENTARES, como os reflexos e a atenção
involuntária, presentes em todos os animais mais desenvolvidos. Com o
aprendizado cultural, no entanto, parte dessas funções básicas transformam-se
em FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES, como a consciência, o planejamento e a
deliberação, características exclusivas do homem.O processo de desenvolvimento se apresenta em
dois momentos distintos: o nível de desenvolvimento real, determinado por
aquilo que o indivíduo é capaz de executar de forma autônoma, e o nível de
desenvolvimento potencial, caracterizado por aquilo que o indivíduo ainda não
pode realizar de forma independente, mas que pode ser executado com algum
auxílio.A zona
de desenvolvimento proximal refere-se ao caminho que o indivíduo vai percorrer
para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que se
tornaram funções consolidadas, estabelecidas no seu nível de desenvolvimento
real. A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um domínio psicológico em
constante transformação: aquilo que uma criança é capaz de fazer com a ajuda de
alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã.O processo de desenvolvimento progride mais
lentamente que o processo de aprendizado; o aprendizado desperta processos de
desenvolvimento que, aos poucos, vão-se tornando parte das funções psicológicas
consolidadas do indivíduo.Sendo assim a
aprendizagem dos alunos vai sendo construída mediante processo de relação do
indivíduo com seu ambiente sócio-cultural e com suporte de outros indivíduos
mais experientes. E na zona de desenvolvimento proximal (ZDP) que é a
interferência desses outros indivíduos é mais transformador. O conceito de ZDP
é relativamente complexo, ele compreende a região de potencialidade para o
aprendizado. No caso da criança, representa uma situação cognitiva em que ela
só consegue resolver determinada tarefa psicointelectual com auxilio de alguém
mais experiente.Como a aprendizagem impulsiona o
desenvolvimento, a escola tem um papel essencial na construção do ser
psicológico e racional. A escola deve dirigir o ensino não para etapas
intelectuais já alcançadas, mas sim para estágios de desenvolvimento ainda não
incorporados pelos alunos, funcionando como um incentivador de novas conquistas
psicológicas. Assim, a escola tem ou deveria ter como ponto de partida o nível
de desenvolvimento real da criança (em relação ao conteúdo) e como ponto de
chegada os objetivos da aula que deve ser alcançado, ou seja, chegar ao
potencial da criança. Aqui o professor tem papel explícito de inferir na zona
de desenvolvimento proximal dos alunos, provocando avanços que não ocorreriam
espontaneamente.
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